quarta-feira, 1 de julho de 2009
Não sou político, não me torrem!
Tem gente da minha família que é ligada à política. Isso gera alguma confusão, apesar de eu não ser político, não ser filiado a partido político algum e nem conviver nesse meio. Muita gente pensa que por causa disso vivo em estado de riqueza quase absoluta e que tenho regalias do poder.
Alguns até me torram o grão quando ocorre algo nos bastidores do poder em Brasília (DF), seja no Senado Federal, na Câmara dos Deputados ou no Executivo. Já ouvi falar que conhecia os “lobbystas” de lá. Cara, eu nunca estive em Brasília, não conheço as pessoas de lá (quer dizer, conheço uma professora de yoga muito gente boa) e tenho coisa alguma com isso.
Pode ser que alguém faça isso por ignorância ou por sacanagem mesmo, o que é pior. Como jornalista, escutei de um editor-chefe o seguinte: “Você é parente de fulano de tal, não vai trabalhar aqui de jeito algum. Só lhe chamei porque queria ver como é a sua cara.” Brincadeira, ein. Aí, deu certo de trabalhar em outra cidade, onde aprendi muito mais do que teria aprendido se tivesse ficado aqui.
Quando estudava Direito, ia para aula de Fusca branco 1973. Um amigo me confidenciou recentemente que diziam que eu ia de carro velho para disfarçar a riqueza, já que eu deixava os meus carros importados – Porsche, Maseratti, Jaguar, entre outros - guardados na garagem de casa.
Já ouvi falar que eu tinha motorista particular e um monte de serviçais que faziam as coisas para mim e que eu desfrutava do mais puro ócio. Se eu fosse o rei da cocada preta, ficasse no bem bom, não teria feito três cursos de graduação, dois de pós-graduação e um mestrado, além de aprender inglês, espanhol, francês e rudimentos de alemão.
Com isso, deixei de viajar, namorar e curtir a vida. Sempre pensei no futuro como toda pessoa que trabalha, que pensa em ter emprego com registro na carteira de trabalho para contar tempo de aposentadoria, ter um plano de saúde, essas coisas triviais.
Apesar de hoje ter dois empregos com registro na carteira, advogar e fazer free lances como jornalista, ainda tem gente que é brincadeira. Tem até indivíduo que me chega, entra direto no imóvel, vai até o quarto – onde deixo os computadores – abre e a porte e grita: “- Está dormindo ainda?”, como se eu fosse o maior vagal da terra. Pior ainda que o cara vem pedir favor. Se bobear, nunca teve que picar cartão ou assinar livro ponto na vida.
Outra frase marcante: “Pára de fingir que trabalha e faz alguma coisa por Sorocaba.” Como se ninguém mais tivesse que fazer algo pela cidade. Não é questão de dar uma de bonzão, ou gostosão. Ou ainda de ser arrogante. É de mostrar que as coisas boas que consegui na vida não me vieram de forma fácil. Tive e tenho que ralar muito, ler e estudar grande parte do acervo da minha biblioteca de aproximadamente 2.500 livros, e dormir aproximadamente quatro horas por dia.
Já me transformaram em corrupto, vagabundo, “artista fingidor”, “figura”, “celebridade” e até mesmo, pasmem, pedófilo. E o pior de tudo é sem ter feito coisa alguma, vivendo numa disciplina de padre espartano – trabalho, estudo, trabalho, estudo. Pode ser olho gordo, mas até olho gordo tem limite.
Até caixa de supermercado quando vê meu sobrenome começa a falar mal de político. Não reclamo com gerente, ou superior, para depois a coitada não perder o emprego. Aprendi que 90% da vida é engolir sapo. A torração de saco é tão grande que parei de sair, de ir aos lugares e de me encontrar com outras pessoas.
Sempre considerei que não é pela via da política que se transforma a sociedade, mas pela via da educação. Um povo bem instruído tem políticos instruídos. A política nada mais é que reflexo da própria sociedade. Não existem santos na política porque o povo não é santo. É uma questão de lógica simples. Há políticos com vergonha na cara onde o povo tem vergonha na cara. Uma coisa é extensão da outra. Não há milagre, nem fórmula mágica.
“Antes de mudar o mundo, mude a si mesmo”. Esta é uma frase atribuída ao filósofo grego Platão. Uma vez perguntei para alguns alunos: “- O que vocês acham de fraude em concurso público?” As respostas eram do tipo: “- Não pode, tem que ir para a cadeia, tem que matar.” Aí, expliquei: “- Colar na prova é a mesma coisa. Então, se eu pegar alguém colando, é zero.”
É importante também salientar que mesmo que me peguem para me malhar de Judas, os problemas não vão ser resolvidos. Isso só vai tapar o Sol com a peneira e as coisas vão continuar as mesmas, sem solução alguma. O buraco, galera, é mais embaixo. Falar da vida não só minha, mas dos outros é falta do que fazer. Oscar Wilde escreveu: "As pessoas que não fazem coisa alguma sempre criticam as que fazem algo."
O pior de tudo é que, apesar dessa fama toda de milionário, eu ainda não peguei ninguém! he he he Mas é só mulher, ein. Homem não pode.
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