PROJETO ÁGORA – A OFICINA DO PENSAMENTO
Na sociedade contemporânea, a avalanche de informações causa no indivíduo uma overdose de dados, que, por vezes, se encontra perdido e sem ação, diante de tamanha complexidade. Conceitos como democracia, política, ética, partidos políticos, educação, cultura, saúde, ecologia, cidadania e globalização, entre outros, permeiam os noticiários numa via quase que unilateral, não dando chances, muitas vezes, para que se formule uma opinião, com viés crítico, sobre assuntos que, porventura, possam ser importantes no cotidiano.
Em Atenas, na antiga Grécia, os cidadãos da “pólis” discutiam suas diferenças e tomavam decisões acerca das coisas públicas num espaço conhecido como “Ágora”. É claro, que havia bem menos pessoas naquela época que nos atuais dias. Hoje, os cidadãos estão dispersos – quase num estado de apatia – e não sabem mais o que é deliberar ou decidir sobre a coisa pública. Está tudo tão perto e tão longe, ao mesmo tempo.[i] Os jornais, as emissoras de rádio e televisão, mais a internet, fornecem uma sensação de onipresença, diminuindo as fronteiras entre os países.
Por outro lado, porém, na “Ágora” moderna, o circo dos meios de comunicação, existem também os ausentes, seja na forma do leitor (ouvinte ou telespectador) com baixa formação cultural ou mesmo daqueles que não têm acesso aos mass media. A internet, por exemplo, criou uma enorme distância entre o “internauta” e o “não-internauta”.
Um povo forte é um povo consciente de si. E para isto é necessária uma revitalização crítica da mais vital das suas capacidades: o pensamento. Os partidos políticos doutrinam seus membros, entretanto, em alguns casos, criam seguidores fanáticos, fechados à pluralidade ou qualquer outra forma de diálogo, tal como se fossem membros de uma religião civil. Daí, a importância do “Projeto Ágora – A Oficina do Pensamento”. As pessoas devem pensar por si mesmas para depois, se considerarem necessário ou conveniente, adotarem posições políticas, impostas pelos partidos.
O povo brasileiro ainda engatinha, mas tem um futuro grandioso, se forem tomadas medidas no tempo certo. As discussões devem retornar ao povo, em vez de serem praticamente monopólio dos meios de comunicação. Portanto, se deve cultivar o amor ao saber e o pensamento crítico numa parcela qualificada que se tornará disseminadora, ou líder de opinião, junto a suas comunidades.
2 - JUSTIFICATIVA
Por que a cultura deve ser transmitida ou cultuada num só lugar? Centralizar seu foco de atividades é quase monopolizar o saber. Portanto, é necessário quebrar a concepção elitista de cultura, que a vê como um “bem de consumo”, reservada àqueles com condições econômicas para adquiri-la, constituindo uma barreira com relação àqueles que não possuem acesso aos mesmos.
Para quebrar este continuum vicioso, em vez de se investir somente em locais para “culto à cultura”, se faz vital a formação de pessoas que possam utilizar o conhecimento associando-o às questões das suas vidas, dando um grito de basta contra a imobilidade que assola as mentes daqueles que deveriam ocupar seu espaço de cidadão.
Nem todos se sentem à vontade num ambiente acadêmico. Então, a proposta é levar esta consciência crítica diretamente nas comunidades, por meio de gente da própria comunidade, na intenção de que as pessoas tenham noção de que no atual paradigma de pós-modernidade não é suficiente acumular conhecimentos. Deve-se “aprender a aprender”, reformando sua visão de mundo, para não se sentir perdido e encontrar soluções para enfrentar os desafios de uma nova realidade.
O “Projeto Ágora – A Oficina do Pensamento” baseia-se na hipótese de que a informação se dissemina por meio de “líderes de opinião”, que agem naturalmente nas suas comunidades, sendo “agentes multiplicadores” de conteúdo informativo.
Estes líderes de opinião podem, eventualmente, auxiliar na gestão e operacionalização das sociedades amigos de bairro (SABs) e, porventura, outras entidades da sociedade civil, fortalecendo-a e contrapondo-a ao poder de imperium do Estado. Trata-se de um trabalho de médio a longo prazo, mas, com certeza, de conseqüências permanentes no destino de muitas pessoas e da “pólis” sorocabana.
3 - OBJETIVOS
3.1 – OBJETIVO GERAL
Despertar o pensamento crítico livre - por meio das palestras, seminários, mesas redondas ou debates – nos participantes do projeto, para que se sejam formadores de opinião qualificados que despertem nas suas comunidades o desejo de se estudar e de aprimorar os seus conhecimentos, independentemente dos partidos políticos.
3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Formar pessoas aptas a “filtrar” informações, por meio da opinião crítica, evitando a o consenso alienado e as discussões inúteis.
- Estimular a formação de futuros pesquisadores na área de ciências humanas, que busquem soluções viáveis para os problemas sociais.
- Congregar e formar pessoal para participar e viabilizar os projetos das SABs.
4 – METODOLOGIA
As reuniões periódicas, com palestras ou cursos livres, seriam os pontos de partida para arregimentar pessoal e formar grupos aptos a discutir os problemas da contemporaneidade. Desde adolescentes até idosos poderiam participar do projeto, desde que demonstrem interesse em se aprofundar e delinear os passos do debate plural e saudável, que exercitem o pensamento crítico, rumo a soluções práticas para os problemas.
Num primeiro momento, palestras para os inscritos no programa sobre um assunto previamente escolhido, tal como a bibliografia relativa ao mesmo. Os palestrantes seriam voluntários – professores, especialistas ou pesquisadores de um determinado tema. Também seriam alternativas as leituras em grupo de algum livro para discussões e redações de resenhas, associando-as ao cotidiano e outros assuntos da atualidade.
Posteriormente, seriam elaborados – conforme o progresso das turmas – seminários, mesas redondas e debates, abertos ao público, para discussão dos temas. O resultado seria digitado, editado e, dependendo da receptividade, publicado, em forma de “jornais culturais” ou, ainda, como banco de dados num site da internet.
5 – PROPOSTAS DE AÇÃO
5.1 – PARA OS GRUPOS
Logo nos primeiros dias dos encontros, os participantes se congregarão em grupos, cada qual com aproximadamente dez membros, com um monitor responsável. Este monitor responsável seria um tipo de “secretário-executivo”, encarregado de marcar as reuniões dos grupos e agendar os cronogramas dos trabalhos.
5.2 – COORDENAÇÃO DO PROJETO
O projeto estaria sob a coordenação de uma junta diretora composta também por representantes das SABs. Entre as funções da junta diretora estariam a programação temática, operacionalização e divulgação do projeto, tal como a captação de voluntários-palestrantes.
6 – RECURSOS
6.1 - HUMANOS
- Um coordenador geral e coordenadores adjuntos (incluindo representantes das SABs, Usabs e outros setores da sociedade civil), em número a ser definido posteriormente - todos voluntários;
- Voluntários-palestrantes.
6.2 – RECURSOS MATERIAIS
- Salas de aula – para os cursos livres;
- Pincel atômico;
- Apagador;
- Cadernos para anotações;
- Canetas;
- Auditório para debates, mesas-redondas, palestras e outras discussões.
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[i] Parafraseando o filme “Faraway so close”, do cineasta alemão Win Wenders.
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