As frustrações em todos os
sentidos parecem encontrar local propício para a reprodução de impropriedades
que desafiam o sentido da razão. Argumentações infundadas com lastres em ‘pseudo-ciência
política” dividem, maniqueistamente, gladiadores em duas facções: esquerda e
direita.
Num primeiro momento, tal
separação mantinha uma noção geográfica. Na Assembléia Geral da França, os
assentos à Direita pertenciam à Igreja (o Primeiro Estado) e à nobreza (o
Segundo Estado). À esquerda, sentavam-se os demais, os camponeses, comerciantes
e a própria burguesia.
Posteriormente, com o
advento da teoria marxista, a burguesia deslocou-se para a Direita. Então, um
micro e pequeno empresário, hoje, poderiam ter sido enquadrados como esquerda
e, só posteriormente, como direita.
Numa análise rasa, pode-se
dizer que direita tem como valor basilar a “liberdade”. Por sua vez, a esquerda
tem como valor a “igualdade”. Ao longo do tempo, seria pueril dizer que
determinado grupo ou partido possui apenas orientações segundo um desses
valores.
Ao se apegar as bases do
conservadorismo tradicional, como autores como Edmund Burke, pouco se fala da
possibilidade de participação popular nas decisões políticas, contudo, cobra
que os legisladores não se deixem levar pela opinião pública.
A teoria marxista parte de
uma análise histórica, do ponto de vista econômico, da sociedade. No qual a
evolução se dá por um mecanismo denominado materialismo dialético.
Em suma, liberdade ao
extremo sacrifica a igualdade. E igualdade ao extremo sacrifica a liberdade.
Existem pontos de
conciliação entre liberdade e igualdade, tal como as diversas ideologias,
filosofias, religiões e crenças, numa sociedade democrática.
Isso seria realizado numa
situação de “consenso por justaposição”, conforme o filósofo político John
Rawls. As pessoas cobertas por um “véu da ignorância” esqueceriam quem seriam
na sociedade e escolheriam os princípios de uma sociedade justa, bem ordenada.
A idéia de consenso por
justaposição equivale à noção de justiça como “jogo limpo”, imparcialidade,
tolerância e equidade.
Será que essas idéias que
congregam principalmente tolerância e compreensão do pensamento alheio teriam terreno
fértil no Brasil?