Quando somos crianças, nossos sonhos são ilimitados. Podemos ser o que quisermos, além das fronteiras do racional, se é que isso importa. Durante a infância, definimos grande parte da nossa personalidade, o que com certeza terá reflexos a posteriori por toda a vida. Chama-se de “aculturação” o processo de aprendizado cultural, que perdura por toda a vida, seja por meio das escolas, das pessoas com quem convivemos ou pelos meios de comunicação.
É incrível verificar que as pessoas de uma mesma faixa etária têm memórias quase que comuns sobre um determinado período. Quem tem mais ou menos a minha idade, por exemplo, lembra-se certamente de alguns ídolos da cultura de massa: Ultraman; Ultraseven, Spectroman; Jambo & Ruivão; Patrulha Estelar; Savamu, o Demolidor; A Princesa e o Cavaleiro; Pinóquio; Chaves; e muitos outros mais.
Suas trilhas sonoras também eram motivo de admiração da gurizada. Quem nunca cantarolou, no caminho da escola, aquelas musiquinhas ou melodias até mesmo inocentes, com letras que seriam consideradas ridículas pelas crianças de hoje? Se o fizéssemos, atualmente, seríamos tarimbados de “nerds”, logo de cara.
Outra faceta da nossa infância, da minha geração, pelo menos, foi a dos programas infantis. Enfocava-se a infância em si e não o culto ao consumo que presenciamos. É claro que havia uma colher de merchandising, porém, nada tão exorbitante e gritante ao que as crianças são submetidas nestes dias. Aprende-se que é preciso “ter” para “ser” alguém.
Por mais brega que fosse, Bozo era um passatempo memorável junto com seu inesquecível elenco, composto pelo garoto Juca, Vovó Mafalda e Papai Papudo. Lembram-se que ficamos decepcionados quando descobrimos que a Vovó Mafalda era interpretada por um homem? Isso desencadeou conflitos internos nos faziam pensar um pouco mais sobre a natureza humana, sobre nosso papel no mundo. Não se jogava conceitos pré-fabricados nossas goelas abaixo.
Naquele tempo, crianças faziam programas para criança. O saudoso Balão Mágico, por exemplo, cativava a molecada na frente da televisão, durante as manhãs, antes de ir para escola. E a gente pulava, cantava e se esperneava a cada disco por eles lançado. Pegávamos aquela bolachona de vinil e colocávamos naquela vitrola portátil, que virava uma maletinha. A criançada de hoje desconhece o que é isso. Pulou direto para os CDs. Reflexo da revolução das tecnologias da informação.
Atenhamo-nos, porém, ao Balão Mágico. Quantas vezes tomei bronca da minha mãe porque imitava seu sorteio de cartas, jogando para o alto os baralhos de casa? Um ato no mínimo hilariante, reconheço. Mas aquele entusiasmo puro e inocente falava direto às nossas almas, era nosso mundo perfeito, sem intromissão dos adultos. A música, elaborada por adultos, porém, cantada por guris soava mais verdadeira e menos “comercial”. Permitia-se que a criança fosse criança e não uma versão miniatura do adulto.
O que se faz atualmente com as crianças? Embutem-se idéias de adultos antes do tempo, sem que tenham tempo para desfrutarem desta fase áurea de pureza e descoberta. Estimuladas pelas musas eletrônicas que rebolam quase peladas em todos os veículos de comunicação, na categoria de semi-deusas do supérfluo, descobre-se o sexo mais cedo, da maneira mais errada. Criam-se onanistas precoces.
Em vez da transição paulatina, ocorre um corte abrupto que joga as crianças diretamente nos valores adultos, sem que tenham maturidade para tal. Aflora-se a sensualidade infanto-juvenil conforme as regras do mercado que, à medida em que elevam suas musas do consumo ao Olimpo, influem no imaginário em formação.
Nas músicas infantis daquela época, não se falava em bundinha, agachadinha, nem as coreografias eram erotizadas. Não se defende, neste texto, um pensamento puritanista e conservador, apenas é uma crítica ao que é imposto verticalmente àqueles que deveriam ser os mais protegidos pelas instituições e pela sociedade.
Nada contra a sexualidade humana nem à indústria fonográfica. Contudo, tudo deve ter suas limitações, em defesa de um bem maior: a civilidade em detrimento à barbárie. Estas palavras podem ter até algum sentido, ou serem meros devaneios. Traduzem, entretanto, aquela música: “Depende de nós, que já foi ou ainda tem esperança, que acredita num mundo melhor.”
Quem canta isso hoje? Ninguém. As garotas, com roupas minúsculas, rebolam sem ainda nem terem brotados seus seios. Os garotos, para dar uma bad boy e garanhões antes da idade, entram de cabeça em atividades ilícitas. Resultado: aumento da criminalidade e de gravidez entre menores de idade.
Cabe um pouco de pensamento em cima destas questões, que incitam-me, inclusive, um revival nostálgico. Vou procurar na Internet algumas daquelas músicas de criança. Pode me chamar de besta. Eu não ligo.
É incrível verificar que as pessoas de uma mesma faixa etária têm memórias quase que comuns sobre um determinado período. Quem tem mais ou menos a minha idade, por exemplo, lembra-se certamente de alguns ídolos da cultura de massa: Ultraman; Ultraseven, Spectroman; Jambo & Ruivão; Patrulha Estelar; Savamu, o Demolidor; A Princesa e o Cavaleiro; Pinóquio; Chaves; e muitos outros mais.
Suas trilhas sonoras também eram motivo de admiração da gurizada. Quem nunca cantarolou, no caminho da escola, aquelas musiquinhas ou melodias até mesmo inocentes, com letras que seriam consideradas ridículas pelas crianças de hoje? Se o fizéssemos, atualmente, seríamos tarimbados de “nerds”, logo de cara.
Outra faceta da nossa infância, da minha geração, pelo menos, foi a dos programas infantis. Enfocava-se a infância em si e não o culto ao consumo que presenciamos. É claro que havia uma colher de merchandising, porém, nada tão exorbitante e gritante ao que as crianças são submetidas nestes dias. Aprende-se que é preciso “ter” para “ser” alguém.
Por mais brega que fosse, Bozo era um passatempo memorável junto com seu inesquecível elenco, composto pelo garoto Juca, Vovó Mafalda e Papai Papudo. Lembram-se que ficamos decepcionados quando descobrimos que a Vovó Mafalda era interpretada por um homem? Isso desencadeou conflitos internos nos faziam pensar um pouco mais sobre a natureza humana, sobre nosso papel no mundo. Não se jogava conceitos pré-fabricados nossas goelas abaixo.
Naquele tempo, crianças faziam programas para criança. O saudoso Balão Mágico, por exemplo, cativava a molecada na frente da televisão, durante as manhãs, antes de ir para escola. E a gente pulava, cantava e se esperneava a cada disco por eles lançado. Pegávamos aquela bolachona de vinil e colocávamos naquela vitrola portátil, que virava uma maletinha. A criançada de hoje desconhece o que é isso. Pulou direto para os CDs. Reflexo da revolução das tecnologias da informação.
Atenhamo-nos, porém, ao Balão Mágico. Quantas vezes tomei bronca da minha mãe porque imitava seu sorteio de cartas, jogando para o alto os baralhos de casa? Um ato no mínimo hilariante, reconheço. Mas aquele entusiasmo puro e inocente falava direto às nossas almas, era nosso mundo perfeito, sem intromissão dos adultos. A música, elaborada por adultos, porém, cantada por guris soava mais verdadeira e menos “comercial”. Permitia-se que a criança fosse criança e não uma versão miniatura do adulto.
O que se faz atualmente com as crianças? Embutem-se idéias de adultos antes do tempo, sem que tenham tempo para desfrutarem desta fase áurea de pureza e descoberta. Estimuladas pelas musas eletrônicas que rebolam quase peladas em todos os veículos de comunicação, na categoria de semi-deusas do supérfluo, descobre-se o sexo mais cedo, da maneira mais errada. Criam-se onanistas precoces.
Em vez da transição paulatina, ocorre um corte abrupto que joga as crianças diretamente nos valores adultos, sem que tenham maturidade para tal. Aflora-se a sensualidade infanto-juvenil conforme as regras do mercado que, à medida em que elevam suas musas do consumo ao Olimpo, influem no imaginário em formação.
Nas músicas infantis daquela época, não se falava em bundinha, agachadinha, nem as coreografias eram erotizadas. Não se defende, neste texto, um pensamento puritanista e conservador, apenas é uma crítica ao que é imposto verticalmente àqueles que deveriam ser os mais protegidos pelas instituições e pela sociedade.
Nada contra a sexualidade humana nem à indústria fonográfica. Contudo, tudo deve ter suas limitações, em defesa de um bem maior: a civilidade em detrimento à barbárie. Estas palavras podem ter até algum sentido, ou serem meros devaneios. Traduzem, entretanto, aquela música: “Depende de nós, que já foi ou ainda tem esperança, que acredita num mundo melhor.”
Quem canta isso hoje? Ninguém. As garotas, com roupas minúsculas, rebolam sem ainda nem terem brotados seus seios. Os garotos, para dar uma bad boy e garanhões antes da idade, entram de cabeça em atividades ilícitas. Resultado: aumento da criminalidade e de gravidez entre menores de idade.
Cabe um pouco de pensamento em cima destas questões, que incitam-me, inclusive, um revival nostálgico. Vou procurar na Internet algumas daquelas músicas de criança. Pode me chamar de besta. Eu não ligo.
Um comentário:
É engraçado como a infância nos traz referências, né? Algumas das suas também são as minhas, como: Bozo, Vovó Mafalda. Mas nada como Cavalo de Fogo, Muppet Babies e, mais tarde, Cavaleiros do Zodíaco.
Eu também penso às vezes o quanto a juventude de hoje está sendo bombardeada com um monte de porcaria. Se, por um lado, elas "descobrem" o mundo mais cedo por causa desse bombardeio de informações fáceis; por outro, lá se vai a inocência. Que graça tem ser criança e pensar como jovem, adulto? A cultura de hoje prega isso, mas sei lá. Eu quero que meus filhos assistam desenho animado e acreditem em Papai-Noel. Será que até lá vai ser pedir muito? rs
Espero que não.
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