Pelos idos dos anos 80, o punk brasileiro exercia uma força de atração arrebatadora na juventude. Foi nesta época que ganharam notoriedade, nos circuitos underground, bandas como Ratos de Porão, Cólera, Inocentes, Replicantres, Olho Seco, entre outras. Uma delas teve a ousadia de atacar furiosamente o símbolo maior de bondade e subserviência, do mais signicativo feriado ocidental. Para quem não se lembra, os autores da empreitada foram os integrantes do conjunto Garotos Podres, armados com sua música Papai Noel Velho Batuta.
O instrumental tosco e vocal berrado são as características do grupo punk formado em 1984, na periferia do ABC paulista. Suas letras de crítica à sociedade ganharam paulatinamente a admiração de muitos que, de uma forma ou outra, se identificavam com as críticas sociais que atacavam diretamente o âmago e a hipocrisia da sociedade moderna.
Os garotos podres falavam de tudo e um pouco mais. Portanto, o maior ícone do Natal, o Papai Noel, não poderia escapar impune. Veiculada no primeiro LP do grupo, "Mais podres do que nunca", de 1985, esta música causou indignação nos setores mais conservadores e o deleite dos fãs do rock pesado, em geral.
O refrão ("Presenteia os ricos. Cospe nos pobres"), com certeza, mostra a preocupação social da banda com relação a desigualdade social. Frase simples, que diz tudo, segundo as ideologias anarco-comunistas. Na periferia, sem asfalto nem saneamento básico, a criançada aguarda debaixo das cobertas carcomidas a visita do bom velhinho. Mas ele não aparece, vai à casa dos coleguinhas que têm carro importado na garagem.
Mais outra: por que, no Brasil - um País ensolarado - há representação de árvores de Natal com pinheiros típicos do hemisfério norte e alegorias de neve, em pleno verão? E o que tem a ver o bom velhinho, tipicamente europeu com roupas para enfrentar o inverno polar, com nosso paraíso tropical, habitado por pardos, mulatos, mestiços, em geral, e outras etnias? Algo mais para se pensar.
Esta crítica marcante - presente em faixas, como "Não Devemos Temer (Os que Detêm o Poder)" e "Liberdade (Onde Está?), e demais trabalhos do grupo, como "Pior que Antes (1988) e "Canções para Ninar" (1993) - se notabiliza no relato da opressão das classes trabalhadoras pelas elites, com a conivência dos governantes.
Ao contrário das acusações elitistas, os garotos podres não são ignorantes energizados por hormônios, sentimentos patológicos de eterna rebeldia e outros artifícios. Só para se ter uma idéia o vocalista Mau está concluindo doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP).Seu último trabalho, que estreou em novembro deste ano pela Paradoxx, chama-se "Com a corda toda". Há uma faixa intitulada "Ditador". Notou alguma semelhança? Esqueça de Hitler ou Mussolini, o personagem está bem aqui nas terras verde-amarelas e gosta de viajar para o exterior. E, infelizmente, não é o Papai Noel.
O instrumental tosco e vocal berrado são as características do grupo punk formado em 1984, na periferia do ABC paulista. Suas letras de crítica à sociedade ganharam paulatinamente a admiração de muitos que, de uma forma ou outra, se identificavam com as críticas sociais que atacavam diretamente o âmago e a hipocrisia da sociedade moderna.
Os garotos podres falavam de tudo e um pouco mais. Portanto, o maior ícone do Natal, o Papai Noel, não poderia escapar impune. Veiculada no primeiro LP do grupo, "Mais podres do que nunca", de 1985, esta música causou indignação nos setores mais conservadores e o deleite dos fãs do rock pesado, em geral.
O refrão ("Presenteia os ricos. Cospe nos pobres"), com certeza, mostra a preocupação social da banda com relação a desigualdade social. Frase simples, que diz tudo, segundo as ideologias anarco-comunistas. Na periferia, sem asfalto nem saneamento básico, a criançada aguarda debaixo das cobertas carcomidas a visita do bom velhinho. Mas ele não aparece, vai à casa dos coleguinhas que têm carro importado na garagem.
Mais outra: por que, no Brasil - um País ensolarado - há representação de árvores de Natal com pinheiros típicos do hemisfério norte e alegorias de neve, em pleno verão? E o que tem a ver o bom velhinho, tipicamente europeu com roupas para enfrentar o inverno polar, com nosso paraíso tropical, habitado por pardos, mulatos, mestiços, em geral, e outras etnias? Algo mais para se pensar.
Esta crítica marcante - presente em faixas, como "Não Devemos Temer (Os que Detêm o Poder)" e "Liberdade (Onde Está?), e demais trabalhos do grupo, como "Pior que Antes (1988) e "Canções para Ninar" (1993) - se notabiliza no relato da opressão das classes trabalhadoras pelas elites, com a conivência dos governantes.
Ao contrário das acusações elitistas, os garotos podres não são ignorantes energizados por hormônios, sentimentos patológicos de eterna rebeldia e outros artifícios. Só para se ter uma idéia o vocalista Mau está concluindo doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP).Seu último trabalho, que estreou em novembro deste ano pela Paradoxx, chama-se "Com a corda toda". Há uma faixa intitulada "Ditador". Notou alguma semelhança? Esqueça de Hitler ou Mussolini, o personagem está bem aqui nas terras verde-amarelas e gosta de viajar para o exterior. E, infelizmente, não é o Papai Noel.
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