segunda-feira, 16 de março de 2015

Prelúdio a Max Weber







            Para o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), a ação humana só é social quando, por causa do significado dado pelo sujeito (subjetivo) , leva-se em consideração o comportamento do outro. Daí, ocorrem influências recíprocas, ensina Celso Castro (p. 67) “A ação humana é fenômeno que apela para mecanismos psíquicos e para componentes sociais pois é a conduta a que o agente atribui um significado.”
            O caráter social da ação ocorre por referência ou por significação. Por referência, as pessoas tomam como padrão a presença e a existência de outras pessoas. Já por significação, as pessoas, pelas suas ações próprias, demonstram que compreenderam as expectativas dos outros e resolvem aceitar, ou não.
            De acordo com a sociologia de Weber (CASTRO, p. 67-68), há quatro ações sociais: “ação racional por valor, ação racional por fim, ação tradicional e ação afetiva.” “Enquanto valor e fim polarizam as ações racionais, tradição e sentimento caracterizam as ações irracionais. Atingimos a compreensão das ações racionais intelectualmente, as irracionais, por empatia.”



            No livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Max Weber (CASTRO, p. 68) desenvolveu dois tipos, um econômico (capitalismo) e um religioso (protestantismo), para explicar a realidade. Nas relações entre capitalismo e protestantismo, Weber destacou quatro pontos: a-) riqueza – é moralmente permitida e recomendável, querer ser pobre é reprovável pois Deus glorifica o trabalho; b-) lucro – oportunidade de lucro é disposição divina, que deve ser aproveitado; c-) trabalho – previne contra todas as tentações, identificando a própria finalidade da vida, a falta de vontade de trabalhar é ausência do estado de Graça; d-) ascetismo e racionalização – o puritanismo protestante se baseou na organização racional do trabalho e do capital, tal como na ética judaica, quanto mais propriedades, maior a responsabilidade de conservá-las ou aumentá-las pelo trabalho duro para a Glória de Deus.
            Informa Castro (p. 69) que, nisso, surge o ascetismo secular protestante: “1-) considerava a perda de tempo como o primeiro e principal de todos os pecados; 2-)- condenava o uso irracional da riqueza; 3-) liberava a aquisição de bens e o desejo de lucro; 4-) levava à conduta racional baseada na idéia de vocação.”
            Weber explica que, para o calvinismo, a divindade permite a pobreza para as pessoas que não teriam aptidão para resistir às tentações proporcionadas pela riqueza. Assim, a pobreza seria instrumento de garantir a obediência a Deus. Em termos práticos, deu origem às teorias da produtividade pelo baixo salário. “O ascetismo transferido para a vida profissional contribuiu para a formação da ordem econômica moderna e da técnica ligada à produção em série”, finaliza Celso Castro (p. 69)



CASTRO, Celso Antônio Pinheiro de. Sociologia Aplicada à Administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

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