segunda-feira, 16 de março de 2015

Prelúdio a Émile Durkheim


 


Para o francês Émile Durkheim (1859-1917), o fato social carrega em si a coerção (coerção seria “forçar”, “constranger”). Segundo ele, as relações sociais dependem de estimulações recíprocas dos seus participantes (interestimulação), sendo algo externo às consciências individuais, justamente por exercer coerção sobre eles. E isso rege o comportamento das pessoas e a consciência coletiva.
            A consciência coletiva é fruto das consciências individuais, mas não é a soma delas. Trata-se de um fato social sem igual (“sui generis”), existindo pelo grupo e dentro do grupo, influenciando as consciências sociais. Então, a consciência coletiva por ter outra realidade dura no tempo e, de certa maneira, une gerações, ensina Celso Castro (p. 69).
            Durkheim analisa um fenômeno social no livro “O suicídio”, que classifica em três tipos (CASTRO, p. 69): “a-) egoístico – causado pelo isolamento do próprio indivíduo, que ele impõe a si; b-) altruístico – em favor de alguém ou de uma causa; c-) anômico – devido a mudanças radicais, ou mesmo catastróficas, que ocorrem na sociedade, que significa que o sujeito não consegue se integrar ao grupo, não fazendo parte da consciência coletiva e da solidariedade social.”




De acordo com Durkheim, no livro “Da divisão do trabalho social”, a interação social se dá de maneira mecânica ou solidária (CASTRO, p. 70): a-) solidariedade mecânica: nas sociedades segmentárias (baseadas nas semelhanças), cuja cuja social tem base nas crenças e práticas comuns e da adesão de todos a elas, os indivíduos praticamente se fundem ao grupo; b-) solidariedade orgânica: nas sociedades diferenciadas (organizadas em coordenação e subordinação recíproca dos elementos sociais, dentro de um órgão central, com função moderadora (controle), o modo de agrupamento surge da divisão do trabalho, sendo que a solidariedade orgânica deriva da integração de pessoas diferentes.


Durkheim diz que a divisão social do trabalho é dinâmica e dialética. “A civilização é consequência necessária das mudanças relativas ao volume e à densidade das sociedades. Volume refere-se à dimensão quantitativa. Densidade é a intensificação das relações que, aumentando em número, tornam-se mais complexas; diminuindo em volume, tendem a tornar-se mais intensas. A quantidade das relações corresponde, teoricamente, ao número de participantes da sociedade: maior número de membros do grupo possibilita maior número de relações. À medida que o grupo cresce em volume, aumenta a possibilidade de maior número de relações, tornando o conjunto mais complexo, embora seja menor a intensidade interativa total. Diminuindo o volume, o número de relações é menor, mas tende a ser mais intenso”, ensina Castro (p. 71).

CASTRO, Celso. Antônio Pinheiro de. Sociologia Aplicada à Administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

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