Prof. Ms. Roger Moko Yabiku
Como é célebre, o filósofo Aristóteles dizia que o homem é um animal político, que só se realiza e se torna propriamente humano na cidade-estado (pólis). Isso se dá somente porque o homem possui o dom da linguagem. “Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (phoné) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom e o mal, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política, e, dela, somente os homens são capazes”, ensina Marilena Chauí (p. 147).
Citando o filósofo franco-suíço, Jean-Jacques Rousseau, no livro “Ensaio sobre a origem das línguas”, Chauí (p. 148) diz que a palavra diferencia os homens dos animais e a linguagem, as nações entre si. Para o linguista Hjelmslev, cita Chauí (p. 148), a linguagem é inseparável do homem, sendo o instrumento que lhe modela o pensamento, sentimentos, emoções, esforços, vontade e atos.
Trata-se a linguagem, portanto, de uma forma propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes, define Chauí (p. 148).
Relembrando Platão (Fedro), Chauí (p. 148) diz que a linguagem é um phármakon, uma poção com três significados: remédio, veneno e cosmético. É remédio para o conhecimento (pelo diálogo se descobre a ignorância e se aprende com os outros). É veneno se se faz aceitar opiniões fáceis, ligeiras e sem reflexão, sem que se busque a sua verdade. “Enfim, a linguagem pode ser cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras”, explica Chauí (p. 148).
A linguagem estruturada permite pensar e comunicar o pensamento pela fala ou pela escrita. A linguagem verbal (falada ou escrita) é a que nomeia objetos, forma conceitos e os articula coerentemente. Porém, não é o único tipo de linguagem.
Define-se linguagem, segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (p. 30), como um sistema de signos (numa coisa que está em lugar de outra, sob algum aspecto). Signo seria algo que está no lugar do objeto que representa. Essa representação pode assumir variados aspectos, segundo uma relação de semelhança entre o signo e o objeto representado.
Três tipos de signo
Aí, se faz preciso discriminar três tipos de signos, dizem Aranha e Martins (p. 30-31): a-) relação de semelhança – signo do tipo ícone. Ex. fotografia, palavra onomatopaica (bem-te-vi); b-) relação de causa e efeito – uma relação que afeta a existência do objeto ou é por ela afetada, aí, o signo é do tipo índice. Ex. nuvens ou chão molhado indicam chuva, fumaça ou cheiro de queimado indicam fogo, sinais matemáticos ( +, -, x e /) ao lado de números indicam operações, febre indica uma doença; c-) relação arbitrária – signo estabelecido por convenções sociais, o símbolo. Ex. cor preta é luto no Ocidente, mas no Oriente é o branco. Só os seres humanos entendem símbolos. Os animais só são capazes de entender ícones e índices. “A linguagem é um sistema simbólico. O ser humano é o único animal capaz de criar símbolos, isto é, signos arbitrários em relação ao objeto que representam e, por isso mesmo, convencionais, ou seja, dependentes de aceitação social”, narram Aranha e Martins (p. 33).
Além da linguagem verbal, há outros tipos de linguagem: linguagens matemáticas, linguagens de computador, línguas diversas, linguagens artísticas (arquitetônica, musical, pictórica, escultórica, teatral, cinematográfica, etc), linguagens gestuais, linguagens da moda, linguagens espaciais, comentam Aranha e Martins (p. 31).
A linguagem é uma das principais ferramentas para se formar o mundo cultural, já que permite transcender a experiência. Ao se dar um nome a qualquer objeto da natureza, explicam Aranha e Martins (p. 33), esse ato o diferencia dos demais que o cercam. Passa a existir para a consciência e se as outras pessoas também aceitarem esse nome para o objeto, se estabelece um consenso que possibilita a comunicação.
Como é célebre, o filósofo Aristóteles dizia que o homem é um animal político, que só se realiza e se torna propriamente humano na cidade-estado (pólis). Isso se dá somente porque o homem possui o dom da linguagem. “Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (phoné) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom e o mal, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política, e, dela, somente os homens são capazes”, ensina Marilena Chauí (p. 147).
Citando o filósofo franco-suíço, Jean-Jacques Rousseau, no livro “Ensaio sobre a origem das línguas”, Chauí (p. 148) diz que a palavra diferencia os homens dos animais e a linguagem, as nações entre si. Para o linguista Hjelmslev, cita Chauí (p. 148), a linguagem é inseparável do homem, sendo o instrumento que lhe modela o pensamento, sentimentos, emoções, esforços, vontade e atos.
Trata-se a linguagem, portanto, de uma forma propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes, define Chauí (p. 148).
Relembrando Platão (Fedro), Chauí (p. 148) diz que a linguagem é um phármakon, uma poção com três significados: remédio, veneno e cosmético. É remédio para o conhecimento (pelo diálogo se descobre a ignorância e se aprende com os outros). É veneno se se faz aceitar opiniões fáceis, ligeiras e sem reflexão, sem que se busque a sua verdade. “Enfim, a linguagem pode ser cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras”, explica Chauí (p. 148).
A linguagem estruturada permite pensar e comunicar o pensamento pela fala ou pela escrita. A linguagem verbal (falada ou escrita) é a que nomeia objetos, forma conceitos e os articula coerentemente. Porém, não é o único tipo de linguagem.
Define-se linguagem, segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (p. 30), como um sistema de signos (numa coisa que está em lugar de outra, sob algum aspecto). Signo seria algo que está no lugar do objeto que representa. Essa representação pode assumir variados aspectos, segundo uma relação de semelhança entre o signo e o objeto representado.
Três tipos de signo
Aí, se faz preciso discriminar três tipos de signos, dizem Aranha e Martins (p. 30-31): a-) relação de semelhança – signo do tipo ícone. Ex. fotografia, palavra onomatopaica (bem-te-vi); b-) relação de causa e efeito – uma relação que afeta a existência do objeto ou é por ela afetada, aí, o signo é do tipo índice. Ex. nuvens ou chão molhado indicam chuva, fumaça ou cheiro de queimado indicam fogo, sinais matemáticos ( +, -, x e /) ao lado de números indicam operações, febre indica uma doença; c-) relação arbitrária – signo estabelecido por convenções sociais, o símbolo. Ex. cor preta é luto no Ocidente, mas no Oriente é o branco. Só os seres humanos entendem símbolos. Os animais só são capazes de entender ícones e índices. “A linguagem é um sistema simbólico. O ser humano é o único animal capaz de criar símbolos, isto é, signos arbitrários em relação ao objeto que representam e, por isso mesmo, convencionais, ou seja, dependentes de aceitação social”, narram Aranha e Martins (p. 33).
Além da linguagem verbal, há outros tipos de linguagem: linguagens matemáticas, linguagens de computador, línguas diversas, linguagens artísticas (arquitetônica, musical, pictórica, escultórica, teatral, cinematográfica, etc), linguagens gestuais, linguagens da moda, linguagens espaciais, comentam Aranha e Martins (p. 31).
A linguagem é uma das principais ferramentas para se formar o mundo cultural, já que permite transcender a experiência. Ao se dar um nome a qualquer objeto da natureza, explicam Aranha e Martins (p. 33), esse ato o diferencia dos demais que o cercam. Passa a existir para a consciência e se as outras pessoas também aceitarem esse nome para o objeto, se estabelece um consenso que possibilita a comunicação.
Linguagem, mito e razão
É a linguagem produto da razão, já que só pode existir se houver racionalidade. “O nome tem a capacidade de tornar presente para a nossa consciência o objeto que está longe de nós. (...) Não precisamos mais da existência física das coisas. (...) Pela linguagem o ser humano deixa de reagir somente ao presente, ao imediato; passa a poder pensar o passado e o futuro e, com isso, a construir o seu projeto de vida. (...) Pelas palavras, podemos transmitir o conhecimento acumulado por uma pessoa ou sociedade. Podemos passar adiante esta construção da razão que se chama cultura”, explicam Aranha e Martins (p. 33).
A linguagem pode conter a fantasia do mito (narrativa) ou a sobriedade da razão (logos). “Segundo Aristóteles, o ser humano é um animal racional, ou seja, um ser capaz de raciocínio. Mas o que quer dizer raciocinar? Raciocinar quer dizer dar razões, isto é, justificações coerentes e dotadas de sentido, numa palavra ‘argumentar’. A capacidade de raciocinar deve ser exercitada e treinada. Em todas as épocas da história o sono da razão tem gerado monstros”, afirma Carlo Penco (p. 58).
A linguagem é deveras presente nos mitos e nas religiões. Mythos, em grego, é narrativa. Uma narrativa sobrenatural sobre como os seres humanos organizam a realidade e a interpretam, principalmente se as palavras são pronunciadas em momentos especiais (sagrados ou relação com o sagrado).
Tem uma força realizadora e simbólica, mormente nos ritos religiosos. A linguagem, por “encanto”, une sagrado e profano, traz a divindade e as forças do além para o mundo, leva os humanos até o sagrado. E não raro profetas ou oráculos traduzem as comunicações entre deuses e homens.
Algumas palavras também podem ser proibidas. Seu uso pode causar furor, ou mesmo mancomunar o pronunciante com alguma impureza. Alguns exemplos são os “tabus”.
Comenta Chauí (p. 149): “(...) as palavras são núcleos, sínteses ou feixes de significações, símbolos e valores que determinam o modo como interpretamos as forças divinas, naturais, sociais e políticas e suas relações conosco”.
Por outro lado, a linguagem enquanto logos sintetiza três idéias: fala/palavra, pensamento/idéia e realidade/ser. Exprime o pensamento que conhece o real. É a palavra-pensamento compartilhada (diálogo e lógica). “Se, como vimos, do lado do mythos desenvolve-se a palavra mágica e encantatória, do lado do logos desenvolve-se a linguagem como poder de conhecimento racional. Agora, as palavras são conceitos ou idéias, estando referidas ao pensamento, à razão e à verdade”, exemplifica Chauí (p. 149-150).
Origem natural ou convencional?
E de onde se origina a linguagem? É natural ou convencional? Chauí (p. 150) explica: “a linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica e fisiológica que lhes permite expressarem pela palavra, mas as línguas são convencionais, isto é, surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e políticas determinadas, ou, em outros termos, são fatos culturais”.
Leia mais:
ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2006.
PENCO, C. Introdução à filosofia da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2006.
É a linguagem produto da razão, já que só pode existir se houver racionalidade. “O nome tem a capacidade de tornar presente para a nossa consciência o objeto que está longe de nós. (...) Não precisamos mais da existência física das coisas. (...) Pela linguagem o ser humano deixa de reagir somente ao presente, ao imediato; passa a poder pensar o passado e o futuro e, com isso, a construir o seu projeto de vida. (...) Pelas palavras, podemos transmitir o conhecimento acumulado por uma pessoa ou sociedade. Podemos passar adiante esta construção da razão que se chama cultura”, explicam Aranha e Martins (p. 33).
A linguagem pode conter a fantasia do mito (narrativa) ou a sobriedade da razão (logos). “Segundo Aristóteles, o ser humano é um animal racional, ou seja, um ser capaz de raciocínio. Mas o que quer dizer raciocinar? Raciocinar quer dizer dar razões, isto é, justificações coerentes e dotadas de sentido, numa palavra ‘argumentar’. A capacidade de raciocinar deve ser exercitada e treinada. Em todas as épocas da história o sono da razão tem gerado monstros”, afirma Carlo Penco (p. 58).
A linguagem é deveras presente nos mitos e nas religiões. Mythos, em grego, é narrativa. Uma narrativa sobrenatural sobre como os seres humanos organizam a realidade e a interpretam, principalmente se as palavras são pronunciadas em momentos especiais (sagrados ou relação com o sagrado).
Tem uma força realizadora e simbólica, mormente nos ritos religiosos. A linguagem, por “encanto”, une sagrado e profano, traz a divindade e as forças do além para o mundo, leva os humanos até o sagrado. E não raro profetas ou oráculos traduzem as comunicações entre deuses e homens.
Algumas palavras também podem ser proibidas. Seu uso pode causar furor, ou mesmo mancomunar o pronunciante com alguma impureza. Alguns exemplos são os “tabus”.
Comenta Chauí (p. 149): “(...) as palavras são núcleos, sínteses ou feixes de significações, símbolos e valores que determinam o modo como interpretamos as forças divinas, naturais, sociais e políticas e suas relações conosco”.
Por outro lado, a linguagem enquanto logos sintetiza três idéias: fala/palavra, pensamento/idéia e realidade/ser. Exprime o pensamento que conhece o real. É a palavra-pensamento compartilhada (diálogo e lógica). “Se, como vimos, do lado do mythos desenvolve-se a palavra mágica e encantatória, do lado do logos desenvolve-se a linguagem como poder de conhecimento racional. Agora, as palavras são conceitos ou idéias, estando referidas ao pensamento, à razão e à verdade”, exemplifica Chauí (p. 149-150).
Origem natural ou convencional?
E de onde se origina a linguagem? É natural ou convencional? Chauí (p. 150) explica: “a linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica e fisiológica que lhes permite expressarem pela palavra, mas as línguas são convencionais, isto é, surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e políticas determinadas, ou, em outros termos, são fatos culturais”.
Leia mais:
ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2006.
PENCO, C. Introdução à filosofia da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2006.
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