quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Emaranhado da vida

Emaranhado da vida



Meu corpo parece ser acometido de espasmos, tal como os lapsos cerebrais que circundam este ser como uma tormenta sem proporções. O emaranhado de fantasias não nos deixa mais realizar o que pensávamos ser possível. Sonhar tornou-se verbo intransitivo, quase impossível para dar vazão ao futuro. Estamos todos cercados pelos efeitos do destino, um destino que não deixa nada além de marcas e rusgas nas nossas faces castigadas pelo tempo.
Viver é um longo pesar que devemos suportar ao longo de toda existência. Parece um pleonasmo redundante. Contudo, morrer é fácil. Viver é difícil. Mas nem por isso quer dizer devemos perder as esperanças e nos render perante as agruras do acaso. Como conseguiremos vigiar nossas atitudes sem que nos apeteçamos de novo?
Existe algo mais sincero que viver? Mesmo que a vida seja uma ilusão, uma quimera sem sentido? Nada parece ter mais significado. A animalidade tomou conta das nossas almas. Somos todos animais, mais toscos, porém, que aqueles que consideramos irracionais. Inventamos formas sofisticadas de obtermos prazer, dor e satisfação, em geral.
Temos a habilidade de nos tornarmos mais desprezíveis por ignorarmos a linguagem moral que criamos para disciplinar nossas relações. A linguagem moral é algo natimorto, para apenas delimitar as fronteiras do farisaísmo.
Falamos uma coisa e praticamos outra coisa totalmente diversa. Eis a grande obra da humanidade: o exercício da hipocrisia. Vivemos para saciarmos nossos instintos. E só isso. Por isso, inventamos trabalho, capital, produção, serviços e, mais uma vez, convenções hipócritas de relações pseudo-cordiais.
Há sentido em viver desse jeito? A animalidade predomina e a linguagem moral se esconde debaixo das práticas nefastas de prazer absoluto e a qualquer preço.
Esta é a vida. E assim ela continuará.

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