quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

As origens da Sociologia


Prof. Ms. Roger Moko Yabiku


A Sociologia tem origens na Filosofia. Transformou-se em ciência devido a uma coincidência de eventos históricos, socioculturais e intelectuais. Os primeiros sociólogos tentaram identificar as leis de funcionamento e evolução da sociedade. Já no século XX, os estudos focaram-se na globalização. Contudo, pode-se afirmar que o objetivo das ciências sociais é trabalhar sistemicamente para atualizar teorias e intervir racionalmente de maneira eficiente na realidade como se apresenta.
            O francês Augusto Comte foi o criador da Sociologia no século XIX. Existem fatores históricos (revolução francesa, industrialização, sociedade urbano-industrial), socioculturais (racionalização, secularização) e intelectuais (filosofia social, filosofia da história e tendência aos procedimentos científicos) que impulsionaram a sua produção.
            Comte foi o pai do Positivismo, uma doutrina que tentava aplicar o modelo das ciências naturais às ciências humanas, na tentativa de torná-las mais exatas. Para ele, a humanidade passou por três estados: o teológico (fictício), o metafísico (ou abstrato) e o positivo (científico). “A história baseia-se na ordem, tendo como princípio o amor e como finalidade o progresso. A única fonte legítima da ciência, segundo ele, é a experiência sensível”, explica Celso Antônio Pinheiro de Castro, em “Sociologia Aplicada à Administração” (2. ed. Editora Atlas, 2008. P. 22).
            Ele classificou as ciências em: matemática, física, química, biologia e sociologia. Essa ciências se inter-relacionam. Quanto mais universais suas leis, menos elas se modificam.
            A atribuição da Sociologia, segundo Comte, é estudar as leis sociais estática (ordem, coexistência social) e dinâmica (progresso, transformações sociais). “Sociologia é uma ciência que tem por objeto observar os fatos intelectuais e morais, por meio dos quais os grupos humanos constituem-se e progridem. A partir de então, houve a tendência de substituir os procedimentos filosóficos pelos científicos. Despontaram correntes visando explicar o social com base em princípios evolucionistas (Spencer), organicistas (Lilienfeld, Schäffe), psicológicos Tarde, entre outros”, ensina Castro (p. 23).

Em síntese, segundo Castro (p. 23)

Spencer – a evolução social processa-se do homogêneo para o heterogêneo, do simples para o complexo.

Lileienfeld – a sociedade é o mais desenvolvido dos organismos.

Schäffe – os corpos sociais são semelhantes aos corpos orgânicos, apresentando um complexo equilíbrio de forças.

Tarde – lançou as bases da Psicologia Social. A sociedade evolui pelas leis da imitação, cujo processo básico é: invenção-repetição.


Sociologia geral e sociologia aplicada


“À Sociologia Geral compete definir os conteúdos básicos que caracterizam o comportamento, a estrutura e as mudanças sociais, bem como sistematizar e unificar as teorias”, conceitua Castro (p. 24). Nas relações sociais estudadas pela filosofia, há várias vertentes do conhecimento, religião, política, arte, literatura, direito, economia, entre outros.
A Sociologia Aplicada, por suas vez, foca-se em áreas do conhecimento, com suas especificidades como fatos sociais, que também são objeto de estudo de outras ciências como a Filosofia.

A Sociologia Aplicada tem a finalidade de teorizar e intervir.

“Teorizar é a finalidade explicativa, que insere os problemas na tessitura que lhe é própria, visando ao equacionamento na perspectiva da estrutura – manutenção do status quo – ou da mudança social – transformações estruturais – de acordo com as regularidades tendenciais. Os fenômenos sociais no domínio humano, além de comporem uma teia complexa de relações, envolvem a liberdade individual. Daí as teorias concluírem, indicativamente, apontando as tendências para a ocorrência de determinado fato. Logicamente, a atuação eficaz dos dispositivos de controle pode restringir uma resposta pautada pela liberdade que contrarie as expectativas. No entanto, mesmo assim, não podemos descartá-la.
Intervir é uma finalidade de características terapêuticas. Aponta as disnomias que atingem os elementos polarizadores – escolhidos para análise -, estado de anomia e as opções para equacionamento e solução desses problemas. Trata-se de intervenção racional”, preceitua Castro (p. 25).

A Sociologia não é um mandamento. Ela aponta caminhos para se decidir. Sua intervenção é racional, e não política. Uma decisão é um ato político que pode, ou não, justificar-se na ciência. A Sociologia Aplicada estuda a origem e os significados da organização social e cultural, com o seu histórico, para analisar regularidades, disnomias, e as suas mudanças sociais.


Leia mais:
CASTRO, Celso Antônio Pinheiro de. Sociologia Aplicada à Administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 

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