Prof. Ms. Roger Moko Yabiku
A Sociologia tem origens na
Filosofia. Transformou-se em ciência devido a uma coincidência de eventos históricos,
socioculturais e intelectuais. Os primeiros sociólogos tentaram identificar as
leis de funcionamento e evolução da sociedade. Já no século XX, os estudos
focaram-se na globalização. Contudo, pode-se afirmar que o objetivo das
ciências sociais é trabalhar sistemicamente para atualizar teorias e intervir
racionalmente de maneira eficiente na realidade como se apresenta.
O francês
Augusto Comte foi o criador da Sociologia no século XIX. Existem fatores
históricos (revolução francesa, industrialização, sociedade urbano-industrial),
socioculturais (racionalização, secularização) e intelectuais (filosofia
social, filosofia da história e tendência aos procedimentos científicos) que impulsionaram
a sua produção.
Comte foi o
pai do Positivismo, uma doutrina que tentava aplicar o modelo das ciências
naturais às ciências humanas, na tentativa de torná-las mais exatas. Para ele,
a humanidade passou por três estados: o teológico (fictício), o metafísico (ou
abstrato) e o positivo (científico). “A história baseia-se na ordem, tendo como
princípio o amor e como finalidade o progresso. A única fonte legítima da ciência,
segundo ele, é a experiência sensível”, explica Celso Antônio Pinheiro de
Castro, em “Sociologia Aplicada à Administração” (2. ed. Editora Atlas, 2008. P.
22).
Ele
classificou as ciências em: matemática, física, química, biologia e sociologia.
Essa ciências se inter-relacionam. Quanto mais universais suas leis, menos elas
se modificam.
A
atribuição da Sociologia, segundo Comte, é estudar as leis sociais estática
(ordem, coexistência social) e dinâmica (progresso, transformações sociais). “Sociologia
é uma ciência que tem por objeto observar os fatos intelectuais e morais, por
meio dos quais os grupos humanos constituem-se e progridem. A partir de então,
houve a tendência de substituir os procedimentos filosóficos pelos científicos.
Despontaram correntes visando explicar o social com base em princípios
evolucionistas (Spencer), organicistas (Lilienfeld, Schäffe), psicológicos
Tarde, entre outros”, ensina Castro (p. 23).
Em síntese, segundo Castro (p. 23)
Spencer – a evolução social processa-se do homogêneo para o
heterogêneo, do simples para o complexo.
Lileienfeld – a sociedade é o mais desenvolvido dos
organismos.
Schäffe – os corpos sociais são semelhantes aos corpos
orgânicos, apresentando um complexo equilíbrio de forças.
Tarde – lançou as bases da Psicologia Social. A sociedade
evolui pelas leis da imitação, cujo processo básico é: invenção-repetição.
Sociologia geral e sociologia aplicada
“À Sociologia Geral compete definir os conteúdos básicos que
caracterizam o comportamento, a estrutura e as mudanças sociais, bem como
sistematizar e unificar as teorias”, conceitua Castro (p. 24). Nas relações
sociais estudadas pela filosofia, há várias vertentes do conhecimento,
religião, política, arte, literatura, direito, economia, entre outros.
A Sociologia Aplicada, por suas vez, foca-se em áreas do
conhecimento, com suas especificidades como fatos sociais, que também são
objeto de estudo de outras ciências como a Filosofia.
A Sociologia Aplicada tem a finalidade de teorizar e
intervir.
“Teorizar é a finalidade explicativa, que insere os
problemas na tessitura que lhe é própria, visando ao equacionamento na
perspectiva da estrutura – manutenção do status quo – ou da mudança social –
transformações estruturais – de acordo com as regularidades tendenciais. Os
fenômenos sociais no domínio humano, além de comporem uma teia complexa de
relações, envolvem a liberdade individual. Daí as teorias concluírem,
indicativamente, apontando as tendências para a ocorrência de determinado fato.
Logicamente, a atuação eficaz dos dispositivos de controle pode restringir uma
resposta pautada pela liberdade que contrarie as expectativas. No entanto,
mesmo assim, não podemos descartá-la.
Intervir é uma finalidade de características terapêuticas.
Aponta as disnomias que atingem os elementos polarizadores – escolhidos para
análise -, estado de anomia e as opções para equacionamento e solução desses
problemas. Trata-se de intervenção racional”, preceitua Castro (p. 25).
A Sociologia não é um mandamento. Ela aponta caminhos para
se decidir. Sua intervenção é racional, e não política. Uma decisão é um ato
político que pode, ou não, justificar-se na ciência. A Sociologia Aplicada
estuda a origem e os significados da organização social e cultural, com o seu
histórico, para analisar regularidades, disnomias, e as suas mudanças sociais.
Leia mais:
CASTRO, Celso Antônio Pinheiro de. Sociologia Aplicada à Administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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