sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ars longa vita brevis



Pois é. Mais outro ano que chega, de mansinho. E, obviamente, desejamos que seja melhor, com mais prosperidade e possibilidades de realizações. É a esperança que nos move a cada segundo das nossas vidas, que nos é mais vivaz enquanto somos crianças. Quando pequeninos, temos um brilhar nos olhos que desfalece paulatinamente ao crescermos e nos depararmos com a realidade do mundo de verdade.
As brincadeiras e o fascínio das descobertas ficam sem sal e o reino da necessidade se impõe imperiosamente, ditando-nos as exigências do mundo: emprego, conseguir dinheiro e se estabilizar.
Uma série de mudanças afetam nossas almas em definitivo e os sonhos, antes apontados para o infinito, desvanecem pela ladeira e a vida toma seu curso em tons de cinza.
Não há possibilidade de se escapar dessa louca aventura, a vida. E dela, certamente, não sairemos vivos. A magia, o encanto e a alegria são encontradas nas oportunidades que ela nos apresenta, e como soubermos aproveitá-la, pois não há mais espaço para devaneios. Não somos mais crianças.





Ao mesmo tempo que atingimos o ápice corpóreo, das nossas vidas adultas, começa o declínio do envelhecimento. O recrudescimento carnal é inversamente proporcional à nossa evolução intelectual e de vivência.
Estamos, pois, condenados à vida. A chegada do ano novo denuncia essa situação. Essa sentença não pode ser comutada por outra de menor pesar. Deve ser cumprida com todas suas agravantes e causas de aumento de pena, para que possamos aprender a evoluir diante da adversidade e das limitações deste plano terrestre.
Um brinde, então, às nossas prisões de necessidades e convenções sociais. Mais um ano do cumprimento das nossas penas nos acalenta e nos faz sentir, profundamente, que devemos viver. Arte profunda e duradoura para uma vida curta.

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