segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O presente


Lembro-me quando comprei-te aquele presente. “É para alguém especial”, disse na Ocasião, com um brilho estranho na menina dos olhos.
Aquilo era teu, sabia desde o momento que entrei na loja.
Então, pedi que fosse embrulhado com carinho, como se meu coração estivesse lá, Bem juntinho. Foi a última vez que vi a face do presente, acorrentado a meus mais Nobres sentimentos. Tu eras o motivo da procura, nem me importava com o cansaço. Era forte e invencível.
Pensava em ti quando via o papel daquele singular pacote e na alegria que terias, ao Recebê-lo. E se foram duas semanas. O esconderijo do pequenino ser era meu guarda-Roupas. Ficava guardado, bem no fundinho, com vergonha de mostrar-se a outras Pessoas. Naquela época, via tudo com outros olhos, descansando um pouco minha Raiva do mundo. O presente tinha vida, com aquelas flores estampadas no papel do Embrulho. Chegavam a iluminar a solidão que reinava no fundo do armário.
Faltava apenas um dia para entregá-lo aos teus domínios. E me apunhalaste: “Não te Quero alimentar falsas esperanças. Sinto que estou te enganando.”
Supliquei por uma chance e me respondeste com uma simples negativa.



Desconfiava que algo não ia bem desde o primeiro dia, do nosso primeiro beijo.
Era muito bom para ser verdade e tudo não passou de um sonho, um truque de magia.
Não sei o motivo, mas ainda insisto em guardar meus nobres sentimentos naquele Embrulho. Pensei que tinha te esquecido. Mero engano. Toda vez que me vem a tua
Lembrança, bate forte aquele nostálgico momento. E ressurge aquela frase: “Embrulha, que é para presente.”
Ao mesmo tempo, tenho a certeza de que nossos caminhos nunca mais se cruzarão do Jeito que planejei. Meu maior medo realizou-se: tens saído com um de meus melhores Amigos. Não os culpo, que sejam muito felizes. Mas isso mata-me, como nunca antes.
Tenho verdadeira fobia de vê-los, de mãos dadas, na minha frente. Ficai-vos juntos, Mas não me comunicai, por favor ! Acho que podes atender o apelo deste ser Amaldiçoado ! Sei que nunca serás minha, embora não mais me desespere.
Mesmo depois de tempos, continua guardado, lá no fundinho do meu
Guarda-roupas, aquele embrulho que contém teu presente agrilhoado ao meu coração.
Sou um auto-penitente, pois ainda não criei coragem de abri-lo, rasgando seus papéis,
Pois ainda sou tolo de acreditar que poderei entregar-te o pacote, no dia que
Retornares. O papel já está amarelo. Sei que a espera é inútil, mas continuarei Esperando-te, com teu presente !

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